Encantamento da lança V




A luz do teatro morre em seu peito,
apaga-se até o ponto sólido da escuridão.
É a dor de um saber da antiguidade,
e o fio de voz de uma pequena oração.

Todos estão em seus devidos lugares,
até as flores feito mulheres e pigmentos.
E hoje é o dia mais ao lado, mais ao extremo,
quando o rei que repousa sob a coroa,
sente o peso do que é não ser dono de seu peito.

Parsifal chora e volta, muito lentamente,
por não saber-se tão livre do mundo,
porque não há desejo nem por um instante,
não há um só brilho que apareça nessa lágrima.
Nada nascerá. 

Ocultou-se a chama de uma vela no altar,
quando então resolvi respeitar a ordem,
quando percebi que o caos é feito de matemática.
Parsifal tocou a ferida de um peito em chamas,
e o que se encontrou, depois do último acorde,
foi o outro lado da vida. Por apenas um instante.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/02/2012
Reeditado em 20/02/2012
Código do texto: T3509624
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