Meu Funeral

“A vida é senão um breve sopro!

Daquele que vive mas está morto”-R.K.

Não derramem por mim uma lágrima sequer,

Quando ao sepulcro recolher-se meu corpo,

Dai-me senão um canto tristonho qualquer,

Como homenagem a este poeta enfim morto.

Terei na morte!O destino de todo ser mortal,

No ardor dos círios. Este corpo é meu funeral!

Mas a epopéia do existir. É a gloriosa ilusão,

Da mortalha que encobre o corpo apodrecido,

Ao tumulo, junto das flores a minha solidão,

É sentir o cadáver!A terra ter enriquecido!

Apaga-se a luz!Na tormenta esse tênue fanal!...

Nas coroas de flores!Perfuma-se meu funeral!

Quão triste seria a luz que me leve à sepultura,

Brilhar como a estrela do alvorecer matutino,

Ter os lábios roxos e lânguidos em cada fissura,

No lúgubre repicar ao cortejo de um sino!

Triste miséria! A alma em uma jornada astral,

Ver o próprio cadáver ser o meu funeral...

Ao epitáfio escreva senão um verso de amor,

Que enrubesce a fronte do estertor cadavérico,

E beije-me a fronte que o teu corpóreo calor.

No pranto será o meu infinito surgir histérico!

E na santa casa de Deus, no réquiem o memorial,

Será a lembrança lívida do meu corpo no funeral!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 14/02/2012
Código do texto: T3497970
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