A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça
Arranquem minha cabeça,
Pra que eu não apareça... Não use coroa.
Que eu diminua e Ele cresça,
E tu não me reconheças... Em meio às pessoas.
Arrependei-vos, pois é chegado o reino dos céus.
Anuncia o mensageiro,
Contra o relógio vai ligeiro...
Sobre o lombo dum corcel,
Deserto afora.
Antes que suba no palanque,
Que alguém arranque,
Sua cabeça fora.
Tomara!
Quem, eu? Um ninguém, um João.
Nem hão...
De lembrar da minha cara.
Se muito da minha voz,
Dois versos num papel almaço.
O mais importante vem após,
Indigno de desamarrar os nós... Dos seus cadarços...
Sou,
Pedra no sapato.
Bem que Herodes avisou:
Cale-se ou... Cabeça no prato.
Raça de víboras! Não vão se safar da ira vindoura,
Doura... O disco a alma opaca.
Verdade? Não é sinônimo de reais,
Entre as dez mais... Não emplaca.
Mas boto a boca no trombone.
Quem, eu? Um bobo, João,
Nem hão...
De lembrar meu nome.
Da parceria com a Lisa,
Camisa... Do U-Sal com a logo.
Esse nem com água batiza,
Dirá com fogo.
Não atendo pela alcunha: "grande"
Traço um paralelo,
Entre Otelo...
E Alexandre.
E fico no anonimato.
Mas no cárcere me lança,
Por uma simples dança:
Cabeça no prato.