O ADORMECER DOS ANJOS
Não há caminhos que não possam ser seguidos
Por pegadas de luz que colorem o espaço
Como pequenos flashes de sentimentos perdidos
Em meio às lágrimas e ao calor de um abraço
Não há segredos que não possam ser ditos
Ao cair da noite, quando o dia adormece
Harmoniosamente, a despeito dos gritos
Que os anjos ouvem ao entoar sua prece
Não há mistérios que não escondam resquícios
De amor, de ódio, de paz ou de guerra
Nem eventos de anjos que, em seus interstícios,
Acabem esquecendo a vida na Terra
Não há sorrisos que não sejam reflexos
Da tênue brisa que ventila a alma
Embora brisas e ventos sejam tão desconexos
Anjos só dormem quando tudo se acalma
Não há dores que não latejem vazias
Em meio a vendavais de emoções tão sublimes
Angelicalmente concebidas nos mais longos dias
Sem holofotes e palmas que a ti mesmo imprimes
Não há sensações que não tenham motivo
Para existirem com som, com cheiro ou cor
Dados por mãos de qualquer anjo furtivo
Que queira voar distribuindo o amor
Não há, enfim, anjos que um dia adormeçam
Sem, antes, cumprirem sua missão de amar
Todos os seres humanos, embora estes pareçam
Curiosamente imperfeitos em tudo o que há.
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