Nadir
Foram tantas noites com Sol...
Bem no fundo do coração
Das mil e uma noites de verão.
Nadir mexia o caldeirão...
De porções em vida,
Era o unguento dos quatro elementos:
Fogo, água, ar e terra!
Pelos sonhos da prata paixão,
Abre-se o olho esquerdo do deus Falcão Hórus.
A Lua na sua mais completa negridão
Contagia de Sol o coração.
Jaz o dia para calar a noite que não deseja olvidar.
É na escuridão que nos desvendamos...
O Pássaro-Sol adentra a boca noitecida de Nuit.
Oculta pelo pino do meio dia
A décima casa de Zênite,
Branco de soberba postura.
Não sepulta pelo tino da meia noite
A quarta casa de Nadir,
Negra das mais sábias...
Ígneo visco arterial: sanguíneo Graal.
Força magnética e fascinante sibilava
Das águas quentes, dom de uma serpente:
Apôpis ilude a barca do Pássaro-Sol.
Súbito ataque: as trevas desnudam a luz,
Que de tão fálica, pranteia os olhos da serpente.
Ela mal podia acreditar que se deixou enxergar.
Mas, no profundo não feneceu; senão, renasceu...
Para rebentar ainda mais a mater Gaia,
Abre-se o olho direito do deus falcão Hórus.
O Sol reminiscente da prata paixão
Madruga de luz o penetrante ventre de Nuit
Nascer do dia... Morrer da noite: suspiro eternal...
É no fim que nos desdobramos...
O Pássaro-Sol revoa da vulva de Nuit.
Mistérios de Nuit: a mais eterna das verdades...
Noturno momento da diurna expressão:
Eclipsar do Sol, instante lunar da introspecção.
Dos olhos vendados de Apôpis, emerge o ataque.
Sibilaria a verdade que a claridade não cega.
Mas, a vaidade de Zênite não o deixa seduzir-se:
O soberbo tambor das gentes paralisa a serpente.
Nadir sabia... Ah!... Ela sempre dizia:
Do fundo de todas as severas formas,
Porque sem as ilusões glamorosas
Porque sem a hipocrisia majestosa,
Se do coração houver permissão,
Migram milagres melódicos milhares
Que no lar mor universal almejavam a oitava lírica:
Para transcenderem a estrofe tradicional...
Gema