CANÇÃO DA CHUVA

Chuva benfazeja a escorrer pela vidraça,

Sacia a sede da terra, momento de magia

Alimenta o chão como o leite às crianças

É à força da natureza quando ela procria

Dança um tango na noite, pura fantasia

Emoldura quadros que a tudo encanta

Seu poder transformador logo contagia

São as lágrimas do céu que não se conta

Junto aos fantasmas que a sombra cria

Mistérios da alma que junto escorrem

Lava impurezas que o sol depois irradia

Quando não assola e a tudo descobrem

Pingos tamborilam no telhado, brincam e

Que calam e nos embalam sussurrando

Cantam com a voz do vento esta melodia

Dá um sono gostoso que vem bocejando

O colchão é suave repouso de meu corpo

Enquanto viajo no espaço, para além...

Fico calmo e em paz a tudo contemplo

Dissipa as dores de lembranças que vem

Fixo o olhar a uma réstia de luz do poste

Que desce qual jorro de uma ravina...

Então percebo o som nativo que persiste

Tão selvagem como o vôo da ave de rapina

Que brota da entranha da terra e cresce,

E se expande a beirar matas e colinas

Sentimentos transbordam e aparecem

Pelas frestas, tocas, bordas e encostas

Formam-se veias suaves que deságuam

Sem ferir-se a água fere a pedra dura

Num longo tempo, gota após gota,

O imenso rio se avoluma e murmura

Em cada vida e em cada criatura

O mistério que existe em cada ser

Parecem fragmentos a desvendar-se

Em cada seixo que rola para o mar...

Duo: Arlete Brasil Deretti Fernandes & Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 31/01/2012
Código do texto: T3472936