Um louco na chuva.

Na tarde fria e vazia.
O barulho da chuva no telhado.
Na cama rolo, sonhando acordado.
Pingos escorrem no vidro embaçado.
Transformam-se em desenhos abstratos.
Abstratos como meus sonhos, meus sentimentos.
Meus lamentos.
Por instinto me levanto, corro e abro a porta.
O vento uiva feito lobo faminto ou um solo de guitarra.
O bafo frio e canino me arrepia.
Levo um choque.
No horizonte o céu é cinza chumbo.
Preto e branco feito um filme noir.
Pingos atingem meu rosto, meu corpo.
Inundam minha alma.
Solto as amarras e sigo para rua.
Sou Gene Kelly dançando na chuva.
Ulisses em mar revolto a procura de sereias para amar.
Jesus de braços abertos sem ninguém para salvar.
Sem pecados para perdoar.

Um santo louco chamado Dumont querendo voar.
Paulo Siqueira Souza
Enviado por Paulo Siqueira Souza em 25/01/2012
Reeditado em 24/10/2012
Código do texto: T3460198
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