ÁPICE DO DESCOMPASSO

Olhe para o lado

E veja frente a frente,

com singelo cuidado,

A tamanha injustiça do mundo ...

Veja como seu pranto incauto

Dissolve-se como gota

Na tempestade da insensatez !

E por mais que seus olhos trôpegos

Queiram vislumbrar amor em tudo,

Ainda lhe chamarão de medíocre

Neste descompasso mudo,

E rirão da sua insônia,

Menosprezando a lídima dor

Que assola teu coração anacrônico !

Não, meu amor,

Nada basta ao mundo

Nem o riso, nem a cor

Do precipício profundo

Infelizmente, nada basta,

Nem seu esforço contínuo

Nem sua lágrima incauta

Que vai e que vem

Como pêndulo insone...

Tampouco bastam estas parcas palavras

E a sombra do ser que mediocremente as declama

Enquanto o mundo ronda em suas sinas macabras,

Ferindo no âmago a sensatez de quem ama...

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