RÉSTIA DE LUZ
Numa cordial visita, entrei em mim
Encontrei-me em opaca penumbra,
Em plenitude, sozinha, em solidão
Ali vislumbrei o vir a ser em transfusão
Transmutei lá do fundo das catacumbas
E planei telúrico em suaves momentos
Nas paredes desbotadas dos sentimentos
Pinceladas entrelaçadas, desconexas
Das lembranças, angustias e anseios.
Somos bordados desse tecido ambíguo
Na teia... Dentre a planície e o precipício
Equilibristas e trapezistas da dor e do amor
Um desejo inconsequente de preencher vazios
Por qualquer união, mesmo indigna, sem valor
Na injusta medida, viver de banalidades...
É a outra metade que nos falta da eternidade
Na busca tortuosa que permeia o inconsciente
Ao contrário do que nos possa parecer ser trivial
Nesse mergulho ao intimo universo,
As emoções enrijecidas por cinzas aflições
Sob a proteção de uma fina camada de poeira.
Mas é justo aí que é fecundado o verso
Que rompe o inimaginável das ilusões
E faz brotar a beleza da arte e seus fascínios
Na opaca penumbra paira sobre mim uma réstia de luz.
É nela e por ela que se prende e acende o que nos conduz!
Lufague & Hilde