Colo do Infinito
Nas brumas do intrépido tempo
Ela silente e esvoaçante re-surgiu
Cessava ali esperas e contratempos
Não tive como conter o que se deu
Menos ainda em re-frear a emoção
Do que se foi um dia... E retornou
Que se apoderou com excitação
Vazão de sentimento se plasmou
Pleno e faceiro re-lembrei abraços
Pincelei no quadro das memórias
Nossos toques, rabiscos e traços
Daqueles momentos de glórias
Que fluem como águias no espaço
A lançar o bico sobre os penhascos
Trocar as garras e seus cansaços
Curar as feridas doídas e inchaços
Para ganhar nova e saudável vida
E ver re-nascer o vôo dos sonhos
Cálidos, serenos, frementes e lépidos
Circulando pelas veias e centelhas
Do que éramos... Do que somos
E já nos sentimos fora desta esfera
Mesmo que pire, transpire, entregamos
Para desenhar agora uma nova era
Que gira, conspira, traz e nos eleva
Porque não somos mais só de esperas
Cessam-se os hiatos e as quimeras
Agora são ardentes ondas cerebrais
Eletromagnéticas a romper umbrais
Fazer palpitar o coração e seus ais
Convocam-se até espíritos ancestrais
É o salto a transpor os horizontes
Vão e voltam papiros d’outro mundo
Distraídos e abstraídos em feixes de luz
Não é mais o corpo que nos conduz
São as energias cósmicas profundas
Que penetram fronteiras do impossível
Quebrando paradigmas e seus mistérios
Levando-nos habitar planeta inatingível
Salvos dos juízos, censuras e impropérios
Para adormecermos no colo do infinito.
Hildebrando Menezes