Eu sobre mundos.
Viajei por sobre mundos.
Andei por cima de labaredas.
Meus pés queimados pelo fogo da crueldade humana.
Mas, eu viajei por sobre mundos.
E eu andei por sobre lavas ferventes que me deixaram profundas marcas.
Naveguei por mares distantes e sombrios.
Voei pelo céu cinzento procurando nada encontrar além de minha vontade de viver.
Ah, eu chorei junto com as nuvens.
E eu andei descalço por estradas de pedras.
Fui em direção a luz e me afundei no poço fundo da desilusão.
Meu coração solitário caminhando pelas ruas, falando com a lua.
E eu me enamorei da solidão.
Porque só nela encontrei compaixão.
Porque há tanta dor num caixão.
Mas, existe muita mais dor fora dele.
E eu falei com o vento sobre meu sofrimento.
Eu lhe contei de meu tormento.
E ele me disse que tanta dor assim não tem cabimento, disse para eu esquecer do meu sofrimento e deixar a vida passar.
E eu falei com doendes e fadas.
Conversei com fantasmas bonzinhos.
Falei com meus santos.
E eu implorei aos meus anjos.
Pedi a eles a receita para escapar de meu sofrimento.
Mas, não houve resposta.
Ficaram todos em silêncio.
Sim, porque talvez não saibam a resposta.
Sim, só o tempo tem a resposta para meu sofrimento.
Mas, é difícil ouvir o tempo: ele sussurra palavras vazias e bem depressa vai embora, me deixando somente a dúvida de não saber como seguir em frente.