A última estação
I
Eu abro os olhos e vejo a minha Vida
roda de eventos onde nada faz sentido
fora daquilo que é comprado e vendido
carcomido pela acidez ironica da crítica
Que se acostumou à visitar costumeiramente
os espaços empoeirados do porão das mentes
dos críticos da arte mumificada e paralítica
A minha iris tem em mim sempre com nitidez
a diferença entre o que a angustia me provoca
cujo os meus tesouros inteiro eu daria em troca
pelas aceitas reações que ela provoca em vocês
O precioso fluxo de ideias se atrasa
e, perante essa tão grande desgraça,
arregalando os meus olhos, bocejo
ainda atrasado, como um retardatário,
esqueço a órdem lógica do dicionário
e até mesmo as palavras que desejo
Como será que descrevo essa bizarra sensação?
Ter ambos os meus dois pés enraizados no chão
e ouvindo os ecos mais contraditórios no espaço
cientistas um dia explicarão o contraditório
opinar deste meu interno terremoto ilusório
sacodindo-me a cabeça sem nem ter algum braço
II
De repente, ficam sucessivas, as convulsões
vibrante, o meu corpo se alegra subitamente
por encontrar quase que no seu subconsciente
o ápice do funcionamento dessas suas funções
Eletricamente em convulsões eu me agito
sistematicamente esquecendo-me do mito
da mulher cuja vista julga estética perfeita
sabendo que sou um ser impulsivo sempre
prefiriria encontrar alguém que me lembre
o pó do qual toda esta Humanidade é feita!
dos românticos idiotas sinto quase que pena
com sua visão viciada cujo defeito abomina
nunca acharei meios de, com a alma gentil e amena,
dizer-lhes que essa busca pela perfeição não termina
A minha natureza complexa vem, me impulsiona
à um estado emotivo que quase que não funciona
esbarrando-se no despreparo de meu corpo físico
e da minha alma também, pois, tentando ser bom cristão,
lembro-me das tantas vezes que as palmas da minha mão
arquitetaram altissimos tipos de templos dionísicos
Mas para mim o Monte Parnaso
é o simbolo geográfico de atraso
aonde os poetas sem almas se acorrentam
ao vir lhe alguma forçada, mas rica, rima
dizem que sua inspiração vem lá de cima
e na mentira contada quase que acreditam
Por isso, vou escrevendo sem saber se sou original
ou se sou só alguém metido a poeta e que rime mal
mas eu prefiro ter, com a minha extrema sinceridade
a tensão oriunda das várias camadas de minhas fases
passar uma vida toda tentando cunhar as novas frases
na culminação do fim comum de uma homogeinidade
III
Respiro com a dificuldade inerente
de dois pulmões a tempos cansados
enquanto vejo o passado de minha gente
disponibilizada nessas fotos ao meu lado
Vejo e penso: mas que tristíssimo destino o meu
mesmo tendo passado por tão poucas primaveras
a passagem desse ar que compõem as atmosferas
têm obrigação inegável de te colocar nesse museu
Oh, litros de chuva inexplicavelmente torrencial
as flores dizem obrigada por molharem tal local
A natureza chora a minha finitude sem precisão
já não sei se tenho importancia, sentido, lógica
ou se sou somente uma corpórea ilusão optica
com umas chuvas torrenciais a fertilizar o chão
IV
Sem saber a direção para onde este mundo gira
fico tonto com a mudança climática que ocorre
em epifanias sucessivas minha mente se revira
em que cada reviravolta é uma idéia que morre
Continuam os ventos tocando aquela louca lira
noto o quanto que o meu relógio antigo corre
assim como meu coração envolto em uma ira
de se relembrar a tontura do seu último porre
As vozes do vento cantam uma belissima ópera
que parece preparar o mundo para a próxima Era
que Deus tem preparado para toda a sua criação
Enquanto o tempo da humanidade se encerra
eu sou o único que fica e ansiosamente espera
o derradeiro fim da nossa última estação