Rochas usadas
Tudo pode sofrer desgaste, inerente abrasão.
Desde a rocha* até o coração.
Se lapidar há sabedoria, virtudes.
Se corroer degrada, não tem serventia.
Nisto se opõem diamante* e carvão,
mesmo sendo ambos de puro carbono.
Analogia ao joio e trigo.
Os encantos, com o tempo, passam...
Eis o fantasma do universo feminino!
Até mesmo as maiores exuberâncias sucumbem.
Quanto mais as destituídas...
Que lástima a beleza exaurida!
Refugiar-se em fuga aos adereços e adornos...
Ilude e revela bijouterias.
É falsa jóia*, já na primeira observação.
Há diamantes, que se destinam, pela essência, a um só ourives.
E há rochas abrasadas, que se entregam a serem repassadas.
Passam nas mãos de um, e de outro, e de mais outro...
Ao sabor dos ventos, deslocamentos masculinos de ar...
Nesse paradigma: instáveis, passageiros...
Rocha usada, desgastada, maltratada.
É o preço das ações desiludidas.
Corpo de pedra nua, não mantém ventos inertes...
Estes interpretam e escorregam em terrenos rochosos.
Que, de passagem, exercem sua natureza, instinto devorador.
E invariavelmente se vão...
Ficam as areias frustrantes da repetitiva sina.
De um coração a mercê desses viris atritos atmosféricos.
Tanto na natureza, como na metafísica, diamantes são raros.
Tais como a bíblica mulher que sabe edificar sua casa.
Preservada, no âmago, do uso e do desgaste.
CARLOS AUGUSTO DE MATOS BERNARDO
Alguns símbolos (Fonte: www.dicionariodesimbolos.com.br)
*Rocha: É um símbolo da imutabilidade e da imobilidade. Costuma ser considerada um símbolo do ventre materno.
*Diamante: Sua dureza incomparável torna esta pedra preciosa um símbolo apropriado para a durabilidade e constância; sua clareza produz as noções de constância, sinceridade e inocência. O diamante é a vida, luz, o Sol, é um emblema da pureza e da perfeição, de invencível poder espiritual, e é a pedra de compromisso, fidelidade e compromisso entre marido e mulher.
*Jóia: Em muitas tradições, as jóias representam verdades espirituais. O estudioso Cirlot afirma que as pedras preciosas usadas nas roupagens de reis, rainhas e princesas, bem como seus atributos como a coroa e o cetro, são símbolos do conhecimento superior. Essa simbologia presta-se a várias ilações. Em psicologia, por exemplo, a aparição de princesas ou damas nobres portando jóias pode representar a anima junguiana: as jóias seriam exatamente atributos, características ou virtudes dessa anima. Por outro lado, jóias guardadas por um dragão ou outro animal compõem cena que alune às dificuldades encontradas na busca do conhecimento. Jóias ou gemas guardadas no fundo de cavernas referem-se ao conhecimento intuitivo armazenado no inconsciente.