POUR LA VIE
Perguntaram ao tempo se, talvez, um dia
Ele perderia a razão de todo vão momento
E, quiçá, um réquiem de pura nostalgia
Pudesse sublimar-se como voa o vento
E simplesmente o tempo não soube responder
Sem conter, a fundo, as desilusões de outrora
Que se refletem sempre, sem saber por quê
Na lídima velocidade angular da hora
Pois o tempo e a vida são meros fugitivos
Que, para sempre, correrão diante
De passados mortos e futuros vivos
Enquanto o ponteiro gira, fraco ou triunfante
E como tempo e vida são apenas faces
De uma mesma moeda chamada instante
O nunca é bruto, apenas diamante
Lapidado sempre entre mil impasses.