ll. O MeU CéU EsCarLaTe .ll

É este o meu mundo.

Este imundo e fundo

Desespero mudo...

E é este todo, meu tudo...

É aqui, sob as ruínas,

Onde batem as asas finas

E onde o vento as bate

[Ingrato-vento-combate]

Por serem graças tão rasas...

É aqui: escarlate...

Onde o embate covarde

Arde

Feito ácido em veia...

Onde a tarde quente é teia

De pura e vermelha desilusão...

É aqui a prisão

Na qual recolho meus versos...

Estes mesmos versos dispersos,

Imersos em tanta desolação...

É aqui o centro...

Adentro à forte muralha

Onde a letra rasa retalha

A cara falha (a de dentro...)

A que fendeu um sonho imortal...

Aqui.

Este é o centro.

Meu céu-descontentamento...

O terrível sentimento

De pertencer-não-pertencendo

Ao horrendo mundo de fora...

E, quando fecho meus olhos

Estes olhos frios, distantes,

(Estes olhos-brios-inconstantes... )

Posso, enfim, enxergar

A rubra verdade da vida:

Tudo é dor, tudo é ferida...

Viver é constante partida

A cada segundo a viver...

É perder a vida a cada batida

No peito e no pulso a mentir...

Viver é não ter o sentido

Ainda que, tudo ao viver,

Siga a prescrever

Um só sentido: sentir...

É fingir que não se morre

A cada ponteiro que corre

Rumo ao próximo aniversário...

A vida é um adversário

Primordial do próprio viver...

Não se vive pela vontade

Mas pela vã crueldade

De saber-se fadado a morrer...

Não se vive, então, em verdade,

Mas pela conformidade

De aceitar tal 'desconhecer'...

É aqui, onde a ferida é aberta

E a porta cerrada é coberta

Pela total vermelhidão

Que vivo minha morte diária

E minha precária preservação.

____________________________

* bjs, Tipha... adoro seus coments.

ll PaRaBoLiKa ll
Enviado por ll PaRaBoLiKa ll em 08/12/2011
Código do texto: T3379073
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.