Tempo e Espaço
Vi o tempo implacável
Materializado da degeneração
Física da velhice.
Senti o espaço metafísico
Composto pela imaginação
Na transcendência do teu verso.
Vi o tempo eternizado de pretérito
No esquecimento das lembranças...
Vi o tempo de perecibilidade.
Senti a imanência cósmica
Da cosmologia que alcanças
Pelo toque das estrofes.
Extinguindo-se de natureza viva em morta.
Vi o tempo oxidado
Saturando em ferrugens os sentimentos.
Pulverizado e polinizado
Pelo ar e o vento que assopra
Senti o espaço composto.
Vi o tempo recôndito
No desabrochar oculto de uma rosa,
No secreto crescimento de uma procriação.
Na união das fragmentações
Vi o uno majestoso e poderoso
Aqui desfilando seus encantos.
Vi o tempo calado
Impregnado de silencio
No isolamento da solidão.
Percebi o espaço indivisível
Da eternidade de um abraço
A unir nossos poéticos laços.
Vi o tempo esperançado
Imbuído de expectativa
De fé e confiança.
Em desejos de realização
Concebi a imensidão do espaço
Como um traço a construir
Usando régua e compasso.
Vi o tempo consumado
Na batalha diária da vida em luta.
Intui o espaço do infinito
Do esforço e da labuta
Pelas veias e marcas do passado.
Vi o tempo sôfrego
Suavemente invadido de descanso
Vi o tempo pulsar
Na percepção lenta da juventude
E fugaz fugitivo da plena maturidade.
Senti cada esforço desprendido
Durante o espaço da nossa jornada
Pelas ruas, vias e vielas da estrada.
Vi o tempo dentro de mim
E me vi dentro do tempo
No espírito da vivencia
No sentido do espaço.
E na junção do tempo
Casado com o espaço
Do corpo, espírito e mente
A alma plena transcende
E somos transmutados
Para o coração da divindade.
Duo: Lufague e Hilde