POEMA DO RALO

Alto e contraído senti aquela mulher

Fechando e contraindo meus portais

Não posso voar trancado

Minhas asas se fecharam

Um anjo morto deitou-se pelos lençóis

Precisava de ar

Ela me sufocava

Busquei abrigo

Faltava-me onde me esconder

Porque na verdade o esconderijo

Era escuro difícil de me camuflar

Mais dificil era me entender

Porque as luzes se apagavam

Vagava nu nestas algemas

Sem poder me desprender

Acho que vou enlouquecer

Mas o que mais parecia loucura

Era uma forma de tortura

A criatura não largava do meu ser

Uma veste mortuária

Uma larva parasitária

Uma forma de viver!

Absorvendo-me

Onde eu estava até me esqueci

Quem pensara ser

Elementos

Cruentos

Devoram o meu ser!

Ébrio de loucuras

Meu demônio

É vivo a querer puxar-me para o abismo!

Dos mares temíveis e aventureiros do anoitecer...

Às vezes a paixão das valas é a mais profunda

A pedra que testas como testemunha

É a última que descansa e se resvala da vala imunda...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 03/12/2011
Reeditado em 03/12/2011
Código do texto: T3369380
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