POEMA DO RALO
Alto e contraído senti aquela mulher
Fechando e contraindo meus portais
Não posso voar trancado
Minhas asas se fecharam
Um anjo morto deitou-se pelos lençóis
Precisava de ar
Ela me sufocava
Busquei abrigo
Faltava-me onde me esconder
Porque na verdade o esconderijo
Era escuro difícil de me camuflar
Mais dificil era me entender
Porque as luzes se apagavam
Vagava nu nestas algemas
Sem poder me desprender
Acho que vou enlouquecer
Mas o que mais parecia loucura
Era uma forma de tortura
A criatura não largava do meu ser
Uma veste mortuária
Uma larva parasitária
Uma forma de viver!
Absorvendo-me
Onde eu estava até me esqueci
Quem pensara ser
Elementos
Cruentos
Devoram o meu ser!
Ébrio de loucuras
Meu demônio
É vivo a querer puxar-me para o abismo!
Dos mares temíveis e aventureiros do anoitecer...
Às vezes a paixão das valas é a mais profunda
A pedra que testas como testemunha
É a última que descansa e se resvala da vala imunda...