VINHOS PROFUSOS
Cones vermelhos
Passeiam pela sala,
O sofá me embala
Num poema de Bell.
A taça tinta um vinho,
De saudades, retinto,
Que a sorvo e sinto
Teus beijos de mel.
Violões me rodeiam
Plangentes de sonhos,
Dedilho-os tristonhos
Em claves de dó.
Entre compassos
Passeiam em segredos
Cada um dos teus dedos
Sobre um corpo tão só.
No vazio da garrafa
Teu corpo aparece,
No poema ele cresce
E se atira em meus braços.
Vejo coisas tão lindas
Com o vinho sorvido,
No teu corpo despido
Duas taças vazando.
Oscar Wilde – permita-me:
Fizeste grande fiasco
“ao ver coisas no frasco”,
Eu vi ela, de fato.