VINHOS PROFUSOS

Cones vermelhos

Passeiam pela sala,

O sofá me embala

Num poema de Bell.

A taça tinta um vinho,

De saudades, retinto,

Que a sorvo e sinto

Teus beijos de mel.

Violões me rodeiam

Plangentes de sonhos,

Dedilho-os tristonhos

Em claves de dó.

Entre compassos

Passeiam em segredos

Cada um dos teus dedos

Sobre um corpo tão só.

No vazio da garrafa

Teu corpo aparece,

No poema ele cresce

E se atira em meus braços.

Vejo coisas tão lindas

Com o vinho sorvido,

No teu corpo despido

Duas taças vazando.

Oscar Wilde – permita-me:

Fizeste grande fiasco

“ao ver coisas no frasco”,

Eu vi ela, de fato.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 30/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3364723