SOU-TE AMOR MEU, SOLTE-ME!
Eu não sou quem pensas que sou
Sou um forasteiro
Uma canção que não cantou pro cancioneiro
A urtiga que invadiu o teu canteiro
Sou a almofada sem o tinteiro
Sinto teu cheiro
Teu aroma acre doce
Sou teu marrom glacê
Pareço ser
Assim é se lhe parece
A laranja às vezes amarela
Abrimos portas ao invés de janelas
Limpas meus olhos
Não consigo ver-te verde
E meu mundo se recolhe
Colhe a flor do meu arbusto
A todo custo
Levo um susto com teu busto
Saem deles cálices em copos de leite
Deleite-se comigo
Deite-se comigo
Sai de meu umbigo uma flor de Narciso
Sou a bola que rola
A torcida que chora
A vitória que a derrota implora
Sou Armstrong que ensina
Sou a decoração indizível da Cora Coralina
A serpentina gelada do chope da esquina
Tudo vai tudo fica tudo se estica até a vida
E assim as horas vão murchando suas flores
O espelho da noite não desgruda de meus olhos
A abertura do mar vermelho
Sou eu que atravesso separando
O dia que não invade a madrugada...
Sou a parada feita de glória e brilho
A estrela geme, orvalhando sua afilhada
A noite gelada tece grãos
Minhas pétalas cristalizadas sorriem
E não entende quem somos
Mais somos a soma dos anciões
Senhores do tempo que
Cincuncidam circunvoluções...
(*Todos os textos de minha autoria são inspirados no amor universal e não reflete necessariamente uma experiência de cunho pessoal)