CERRADO


Tempo de estio.
Aridez e sequidão.
Sofrem gente, sofrem árvores,
No Cerrado ou no Sertão.
O Cerrado fez da árvore a louca desverdada.
Galhos retorcidos,
Fragilidade acinzentada,
Exposta qual mulher nua,
Mostrando coxas marcadas,
Celulites em outra versão.
Que como mulher, seja do cerrado ou do sertão,
Estende os braços
Olha pro alto,
Olha pra baixo:
- Donde virá minha salvação?
Se pra baixo vê tão infrutífera terra,
Seca, pó e desolação,
Do alto vê azul,
Céu,  uma nuvem de esperança.

No meu eu na árvore, querendo seiva da vida,
Saem das costas galhos retorcidos na perdição
Como que os filhos das fêmeas de todas as espécies
Esperando água no sertão.
Braços abertos invadem a paz e a alma.
Há muita aridez sob o céu azul.
Seca, seca, seca...
Mulher cinza, assim tornada,
Com suas ancas à mostra,
Com suas cicatrizes do tempo...
Perfurações,
Marcas eternizadas,
Que das mulheres e das árvores
Nunca mais são retiradas.


Minha homenagem ao fotógrafo Júlio Reis Jatobá e à sua arte, 
meu filho que está do outro lado do mundo, na China, 
completando hoje 24 anos de idade.  Parabéns, meu amor!


Por gentileza não utilizar a foto sem citar o artista.

Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 04/01/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T335916
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