TROMPETE MORTUÁRIO

Não podemos abraçá-la

Mais o que existe além da existência

Se não ela?! A sombra...

A sombra é o espelho

Do que pensamos ser

Passamos sem saber quem somos

Tanto para o sonho

Quanto para o pesadelo

Na escuridão somos todos iguais...

Pequenos traços pequenos troços pequenos trecos

E no porta retratos ecos sem vida murchas flores

Sorrisos que se foram raptados pelos ceifadores...

Que conhecem nossas dores sem conhecermos quem são

O fato é que estamos caminhando pra sua prisão

Com nada nas mãos nem pra tentar uma aposta

Navalhas pra circuncisão

Procissão sem procura

Corpúsculos e músculos

Ostracizados no chão a inerte criatura

Flor do esquecimento jejuando na lápide escura

Assinalando na terra sua digital feita de ossatura

E vermes em total cavalgadura

Enxertando-se na carne dura

Pra sobrar espaço pra sua tubária laqueadura

Porque nos deram a terra como nossa crosta

E depois nos deram à costa como única resposta....

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 24/11/2011
Código do texto: T3353293
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