PUREZA NO OLHAR
Vivo pelo espaço plainando idéias
Pelas grandes correntes de pensamento
Mar feito de ar etéreo, patrimônio do mundo
Ondas neuronais que vagam pela imensidão
Reunidos em conchas auditivas
Em finas gotas escorridas pelas mãos
Destas em que fazíamos castelos de areia
Delineando-as e escrevendo nos olhos rasos d'água
Na beira da praia do Atalaia ou outra que a valha
Mesclavam-se água e terra em moldes
Baldinhos, conchinhas, enfim no final o recheio passageiro
Do castelo encantado era feito pela extensão das mãos sem embaraço
Que saiam e brotavam de nossos dedos medievais
Artesãos da imaginação... Reis e rainhas entravam
Sem ninguém perceber, quanta riqueza num olhar de uma criança...
Letras e orvalhos, sol, sal, e esperança, era um outro mundo
Se era para viver uma experiencia de um outro planeta assim o era...
Quem dera que aquele momento fosse eterno se não pela expropriação
Dos pais a nos tirar à força do verdadeiro Paraíso...
Diante das terminações nervosas do dia a dia...Paradigmas!
Eternos paradigmas impostos por uma lei excruciante da rotina...
Hoje a beira de minha praia
É uma página em branco! Vou construindo meu castelo
Com as mesmas letras que fazia na praia
Do nada surgem personagens, e cores, miragens!
Feita de licores e brisas atemporais
Às vezes vivemos do meretrício das palavras vagas
Preenchendo-as de lacunas e vícios
Mas nada sucumbe a criança que nos mantém vivos
Como o viço de seus olhos que nunca se fecharam para o amor
E Para a estreita realidade só percebida por olhares de candido alvor.