PUREZA NO OLHAR

Vivo pelo espaço plainando idéias

Pelas grandes correntes de pensamento

Mar feito de ar etéreo, patrimônio do mundo

Ondas neuronais que vagam pela imensidão

Reunidos em conchas auditivas

Em finas gotas escorridas pelas mãos

Destas em que fazíamos castelos de areia

Delineando-as e escrevendo nos olhos rasos d'água

Na beira da praia do Atalaia ou outra que a valha

Mesclavam-se água e terra em moldes

Baldinhos, conchinhas, enfim no final o recheio passageiro

Do castelo encantado era feito pela extensão das mãos sem embaraço

Que saiam e brotavam de nossos dedos medievais

Artesãos da imaginação... Reis e rainhas entravam

Sem ninguém perceber, quanta riqueza num olhar de uma criança...

Letras e orvalhos, sol, sal, e esperança, era um outro mundo

Se era para viver uma experiencia de um outro planeta assim o era...

Quem dera que aquele momento fosse eterno se não pela expropriação

Dos pais a nos tirar à força do verdadeiro Paraíso...

Diante das terminações nervosas do dia a dia...Paradigmas!

Eternos paradigmas impostos por uma lei excruciante da rotina...

Hoje a beira de minha praia

É uma página em branco! Vou construindo meu castelo

Com as mesmas letras que fazia na praia

Do nada surgem personagens, e cores, miragens!

Feita de licores e brisas atemporais

Às vezes vivemos do meretrício das palavras vagas

Preenchendo-as de lacunas e vícios

Mas nada sucumbe a criança que nos mantém vivos

Como o viço de seus olhos que nunca se fecharam para o amor

E Para a estreita realidade só percebida por olhares de candido alvor.

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 22/11/2011
Código do texto: T3349388
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.