O NADA**
Antes de existir tudo
havia o nada,
mas o nada ainda existe,
apesar do tudo.
O nada não é visível,
por isso ninguém o nota,
mas coexiste com tudo.
O nada só se ausenta
quando tudo virá caos.
Aí o nada sucumbi
e o tudo vira nada.
O nada é ausência,
o que dá base à existência.
Para tudo existir
é preciso começar do nada.
Aprisionar o nada
é tudo o que homem quer,
para tanto constrói
casa, pote, vasilha...
E quando isso executa
nota que o nada
é tudo o que precisa
para o que fez ser útil.
Ou para que valeria
casa, pote, vasilha...
Se não fosse o nada
aprisionado entre paredes.
O nada é a base de tudo,
é o que dá possibilidade,
é o que torna tudo útil.
Mas o nada se torna raro,
já que o homem quer
tudo ocupar ou construir.
O certo talvez seria:
preservar o nada,
dar possibilidade,
desocupar,
desobstruir a paisagem.
Ou, se nada disso for possível,
construir sem poluir,
fabricar sem destruir o ar.
Pois o ar poluído
é fatal pra acabar com o nada.
O ar puro é onde o nada
tem guarida,
quando tudo lhe toma o lugar.
Você não entendeu nada?
Então você está repleto de tudo.
cp-araujo@uol.com.br