FÊNIX
Desejo saber de mim,  ter o entendimento...
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Pareço molhado como a chuva que cai no telhado,
Acho que estou escorrendo rumo ao Grande Vale.
Não consigo descontinuar o efeito da gravidade.
Ela me leva lentamente rumo a planície distante.
 
Eu me perdi no meio das águas.
As águas não têm personalidade, características.
Elas mudam o tempo inteiro, escorregadias.
Não querem ser reconhecidas.
Preferem o anonimato, passar despercebidas.
Estou flutuando em meus sonhos, Milla.
Enquanto a chuva derrama lá fora.
 
É cômodo não ter personalidade -traços definidos.
Não temos de nos preocupar com reconhecimentos.
Podemos quebrar regras ao nosso contentamento.
Viver as vaidades que trazem alentos
Para a alma cansada, mas persistente.
Correr atrás dos sonhos, indiferentes...
 
 
Ainda chovia. Sentei-me no terraço.
Senti o vento no rosto, gostoso, úmido.
O cheiro da chuva acariciou-me o espírito;
A natureza despertou-me o desejo.
Meus pensamentos criaram sonhos.
Depois da chuva quero vivê-los...
 
Os pássaros cantam de alegria.
Da terra aflora a nova vida.
Vida que se ergue com esperanças.
Preenchem nossos olhos com as mudanças.
Um novo horizonte se descortina.
 
As folhas crescem, as plantas germinam os frutos.
Todos os animais em um grande ciclo,
aplaudem o milagre na Serra e no Vale vigorosos.
E multiplicam-se as nossas vontades, sonhos,
Contagiados pelo Poder Gerador, mágico.
 
Preciso aprender com as plantas,
Emergir das águas- um novo corpo;
Como a fênix ao ressurgir das cinzas.
Em um novo Vale com novas alegrias.
 
A seu tempo a tempestade avança,
Soterra com sua força e energia as nossas esperanças.
Precisamos  reconstituí-las em nossos pensamentos.
Soerguer-se  em um só tempo corpo e alma.
Em um último instante os desejos efêmeros
Que se multiplicam e transformam-se em eventos
Que perpetuam o ser em seu eterno retorno;
Superlativo concreto da sublimação...
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Eu existo para testemunho
Da sobrevivência última em um mundo inóspito.
 
Consequência  única dos desejos superlativos;
Das vontades em sucessivos movimentos;
Ações frenéticas que me mantêm vivo;
Declaram a vontade do universo em meu coração.
A gratidão eterna pelos privilégios;
Pelos irmãos e amigos  que compartilham abraços;
Dirigindo-se ao Leste em nossos passos lentos.
 
 
A manhã cresce serena no horizonte aberto.
Corpos cheios de sonhos e esperanças na planície, enérgicos.
Vidas que se erguem em templos sempre efêmeros;
Mas que se percebem infinitas, despercebidas do tempo;
A natureza sóbria e o milagre da vida em eternos movimentos...
Javé     .......................................................................................

Por Wlads, Araripina, 01/11/2011
 
Wlads
Enviado por Wlads em 05/11/2011
Código do texto: T3317911
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