ensaio para vôos clandestinos.

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porque nada permanece.

tudo é território

transitório:

amor, pena, solidão,

susto, gratidão, carma,

peste, bom senso, carisma,

a ilusão do amor.

a chuva, o fardo, o fado de Teresa,

a vilania, o espectro do pai,

o demônio, o oposto, a regra

e a exceção e o otimismo.

tudo que é fixo é trivial

e profundamente triste.

tudo o que permanece

é exageradamente pequeno

e ao mesmo tempo é tão grande

que nos faz amar o grotesco

ao som terrível da tempestade

que berra, berra sempre

porque é da natureza das tempestades.

o fixo é a gramática e o que aparta.

o fluido é que liberta, o que transita entre rios e margens.

não te coloca à beira.

é o que nos faz respirar direitos e humanidades.

e tudo mais é acessório, brinde ou souvenir.

é desgaste, desprezo e prisão.

o justo é o atraso da morte, a velhice enfim.

o que passa é o que muda, faz sentidos.

Sobra. Cria.

Patrícia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 04/11/2011
Código do texto: T3317515
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