ensaio para vôos clandestinos.
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porque nada permanece.
tudo é território
transitório:
amor, pena, solidão,
susto, gratidão, carma,
peste, bom senso, carisma,
a ilusão do amor.
a chuva, o fardo, o fado de Teresa,
a vilania, o espectro do pai,
o demônio, o oposto, a regra
e a exceção e o otimismo.
tudo que é fixo é trivial
e profundamente triste.
tudo o que permanece
é exageradamente pequeno
e ao mesmo tempo é tão grande
que nos faz amar o grotesco
ao som terrível da tempestade
que berra, berra sempre
porque é da natureza das tempestades.
o fixo é a gramática e o que aparta.
o fluido é que liberta, o que transita entre rios e margens.
não te coloca à beira.
é o que nos faz respirar direitos e humanidades.
e tudo mais é acessório, brinde ou souvenir.
é desgaste, desprezo e prisão.
o justo é o atraso da morte, a velhice enfim.
o que passa é o que muda, faz sentidos.
Sobra. Cria.
Patrícia Porto