FIM (PARTE 1)

Faz montar agora tudo

Galopar sobre a besta

Ver chorar o fim da festa

Deleitar no fim do mundo

Ver secar o oceano

Ver o rei perder o trono

E a sujeira sair debaixo do pano

O que era incontestável tornou-se frágil

O indiscutível virou um engano

O profeta orgulhoso grita

Eu avisei, a hora estava chegando

Descrentes em pânico se agarram a fé como parasita

A terra padece vendo os mares secando

O galope solene do cavaleiro transcede

Multidões clamam seus deuses

E nada, nada retrocede

O que antes eram segundo, agora são meses

Tudo parece sem sentido, nada impede

Paraíso funesco e coração dilacerado

O que era pra ser grama verde

É um musgo enlamaçado

A brisa que devia ser fresca

É um tempo cinza e ar parado

Este é o paraíso prometido?

Por isto eu temi, por isto eu orei.

Será que é um sonho, ou foi tempo perdido?

E todas as lagrimas que derramei?

Mas em verdade eu vivi?

De onde vieram as lagrimas que chorei?

O nome era medo, amor ou fé?

Por que na verdade eu orei?

Para quem dediquei minha devoção

Por ágape na essência

Ou medo da escuridão

Tentava soltar meu eu?

Ou engaiolar o cão?

Eu grito de terror!

Eu grito de terror!