Pensamentos de um domingo
Enquanto andava pelas ruas quase desertas
Sob a fina chuva daquela manhã de domingo
Sentia,
O laço invisível do tempo
Fechando-se sobre minha matéria humana
Enquanto ruminava essa vida
Em que lampejam sentimentos
No breu monótono do cotidiano.
Podem ser alegrias
Igualmente tristezas
As tintas que colorem nossa folha virgem
Enquanto o laço aperta.
Doeu-me o tornozelo
Dor amiga, insistente, que não me deixa
Castigou-me uma saudade
Vício da nostalgia
Da casa demolida
Lembranças agora desabrigadas da minha infância
O que sou eu
O que somos nós todos?
Humanidade perecível
Talvez pontes
Unindo duas eternidades
Sorri para o vira-latas que passava
Pareceu-me entender
Uma cauda frenética e um olhar compassivo
Seguimos direções opostas
Ele atrás de suas latas
Eu revirando respostas