Poema em Versos Desconexos

A Morte é meu rio insaciável de Vida,

ando imerso nos altares metafóricos de suas denotações.

Como me ensinam, iludem-me, e tanto desejo ter todos os corações

Que pulsam a intransitividade desta existência tão ferida.

A Vida é a incógnita a rir

De todas as matemáticas do pensar.

Ser triste é sempre estar a sorrir

Por todos os filhos verbais paridos pelo pesar.

Quando penso eu mesmo estar sendo

Vejo que estou sendo uma outra pessoa.

A face encarcerada no espelho só me ressoa

As ilusões iludidas no que se está vivendo.

Vivo a pensar que penso algum pensamento;

Vivo a duvidar as dúvidas das minhas incertezas.

Em analogias, talvez eu seja apenas o firmamento

Que arrasta para a alma do Nada cinemático as correntezas.

Não busco mais rimas perfeitas, ricas e eufônicas

A fim de exprimir o Inexprimível de mim e da existência.

Indefinivelmente somente há o vácuo gritando a ausência

De todas as minhas contrariedades tão congruentes e irônicas.

Fumei as fumaças residuais dos símbolos e das palavras,

Circulei-me ao redor do fogo dos círculos quadráticos.

Enterra-te no solo inóspito das almas em que lavras

A cultura de novos sóis sonoros em horizontes enfáticos.

Senti o teu amor quando não me beijaste.

Beijei o sândalo de tuas lágrimas sempre implícitas.

Nasci para o mito do Amor que nunca me reservaste,

E como me queimam a Frieza e a Dúvida de tudo o que não me excitas.

Gilliard Alves

Acaraú, 21 de Outubro de 2011.

3h30min

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 21/10/2011
Código do texto: T3290183
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