pesadelos

abro a porta e me deixo cair no vazio

sou um sonho em que não aparece a escada

meus desejos se nutrem de um imenso fastio

sou um rio que corre ao sabor da jangada

ultrapasso a peneira e o que sobra, flutua

dou de graça pra lua uma cara sem cor

do que penso ou que posso o que se insinua

não é mais que um gesto esquecido de amor

sou goteira que teima em cair do telhado

sou sacada que só quer olhar-me de cima

sou escala que emite os sons do teclado

pesadelos que o vento desfaz ou anima

vou andando no sol com meu terno ensopado

pois a chuva é só o desejo da rima

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 21/10/2011
Código do texto: T3289541
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