pesadelos
abro a porta e me deixo cair no vazio
sou um sonho em que não aparece a escada
meus desejos se nutrem de um imenso fastio
sou um rio que corre ao sabor da jangada
ultrapasso a peneira e o que sobra, flutua
dou de graça pra lua uma cara sem cor
do que penso ou que posso o que se insinua
não é mais que um gesto esquecido de amor
sou goteira que teima em cair do telhado
sou sacada que só quer olhar-me de cima
sou escala que emite os sons do teclado
pesadelos que o vento desfaz ou anima
vou andando no sol com meu terno ensopado
pois a chuva é só o desejo da rima