Dia Branco
Eu ando pelas ruas.
Quero caminhar em busca de cores.
Que me importa o verde, o branco, o vermelho, o azul ou o amarelo!
Pode ser lilás, fugidio, apagado ou violeta até!
Quero pigmentos coloridos.
Mas ando, ando e ando e só há igual.
As ruas estão todas vazias.
Não há razão.
Tudo desconta passado.
Volto para casa também sem móveis e chão.
Se dormi a noite não avermelhou
Se sonhei o tempo não me acordou
A vigília é a namorada que não vi
Móveis imóveis, paredes desbotadas
Escreva meu tempo de revés de ontem
Paredes de ruas vacilantes
Quem morou ali, o que cria, o que fazia?
Escondidas noites enluaradas
De brancas, tão brancas me ceguei
Caí e no chão da história tropecei
Alucinam-me vãos, buracos e diferenças
Há na escuridão do branco da igualdade
A janela aberta das ruas que caminham pelas histórias
Há pedaços de mim nas rugas do velho
Há pedaços de mim no brilhante-diamante
Há pedaços de mim no horizonte-cerrado
Quantas cores? Quantas cores? Quantas cores?
O mundo abriu de vez as janelas?
Me enlouqueci de belezas?
Tudo é cor?
Ou sou eu que nasço muitos anos antes de mim?