Dia Branco

Eu ando pelas ruas.

Quero caminhar em busca de cores.

Que me importa o verde, o branco, o vermelho, o azul ou o amarelo!

Pode ser lilás, fugidio, apagado ou violeta até!

Quero pigmentos coloridos.

Mas ando, ando e ando e só há igual.

As ruas estão todas vazias.

Não há razão.

Tudo desconta passado.

Volto para casa também sem móveis e chão.

Se dormi a noite não avermelhou

Se sonhei o tempo não me acordou

A vigília é a namorada que não vi

Móveis imóveis, paredes desbotadas

Escreva meu tempo de revés de ontem

Paredes de ruas vacilantes

Quem morou ali, o que cria, o que fazia?

Escondidas noites enluaradas

De brancas, tão brancas me ceguei

Caí e no chão da história tropecei

Alucinam-me vãos, buracos e diferenças

Há na escuridão do branco da igualdade

A janela aberta das ruas que caminham pelas histórias

Há pedaços de mim nas rugas do velho

Há pedaços de mim no brilhante-diamante

Há pedaços de mim no horizonte-cerrado

Quantas cores? Quantas cores? Quantas cores?

O mundo abriu de vez as janelas?

Me enlouqueci de belezas?

Tudo é cor?

Ou sou eu que nasço muitos anos antes de mim?

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 09/10/2011
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