Estátua

O sorriso ante a face do desgosto

Pena pelo sangue, pela luta contra as cinzas

Pela relva que os olhos revelam

Dos dias que antecipam o encontro destinado

Imóvel, paira à espera da contemplação

O reconhecimento da fé que se deposita no trabalho árduo

Dos toques a marteladas

De cada pedaço que rolou dos toques rumo à perfeição

Era da estática, limbo profundo

Impossível voar quando não se tem asas

Deve-se promover o encontro neste momento?

Ou esperar que o ciclo dê sua volta?

O equilíbrio das fontes de ouro tremem

Escorrem as esperanças pelo rio da alma

E, parada, mas com vontade de voar, imagina

Dá asas aos ares por entre o gesso da inércia

Face imóvel, imaginação pela fé

Vida interior que permanece inata aos toques do artista

Rebenta de satisfação ante o sorriso

Quebra em soluços dos desejos não concebidos

E quando perguntarem pelas formas esculpidas

Responda apenas com os instrumentos da arte

Mostre os minutos que foram gastos no ato

De cada momento de prazer

Aos anjos que caem, as homenagens

Aos amores inconcebidos, o rosto congelado

Tentou memorizar a paz de espírito

E recebeu o conforto das visitas aconchegantes...

Do momento figurado, das esperanças alimentadas

Somos todos estátuas neste corredor

Esperamos os dedicados olhos

Que na arte hão de conceber a felicidade

Do artista que o nosso coração esculpiu.