Vento-Despedida

-Vento, por que passas tão ligeiro?

-Porque vou levar notícias.

-Levar notícias aonde?

-Ao fim da vida.

-Não, não vás a este lugar.

-Só indo, cumprirei com meu destino de ar.

-Mas, por que o ar passa?

-Porque tudo há sempre de passar.

Até o sol passará.

-Daqui há milhões de anos.

-Sossegue. Dobre teus olhos e eu lhe roubarei a visão.

- Nem sequer minhas pupilas se mexem. Hei de respirar.

-Preciso partir. Sou o tempo que passa,

-Vento, neste adeus, pague-me flores da primavera enquanto elas existem e vele-me na dor do adeus.

-Não se assuste, em tua partida respondo ao teu adeus.

-Nenhuma despedida é tão certa e difícil ao mesmo tempo.

-Não chores, assim molharás meu véu e sou irmão da morte amiga.

-Sim, Meu Ar, entregue-me meu trigo bom para levar a Deus o que colhi .

-Não se preocupe tu chegarás com os lírios do campo.

-Abane-me, abane-me. Revele-se em toda beleza e grandeza,

Já que o meu tempo chega e tu és o meu par.

Oh vento de todos os ventos.

-Não fales mais, tudo agora se transforma em aurora.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 06/10/2011
Reeditado em 26/10/2012
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