Poema cruel

 
         Edson Gonçalves Ferreira

Meu Deus, Tu que és onisciente e onipresente, sabes
Quão duro é assumir nossa frágil humanidade
Teu filho torturado foi e eu, como poeta, sofro também
O calvário da sensibilidade artística me crucifixa
Queria ser mais comum, mais cotidiano, mais insensato
E não posso, Senhor, não consigo
Pois a argamassa que Tu soprastes
Quando estava no ventre de minha mãe,

Foi tão moldada que, hoje, sofro, Senhor
Ao ver  humanidade açoitando humanidade...
 
 

Quão terríveis e brutos são os homens, Senhor,
Em cada pessoa torturada, eu vejo a Ti, a caminho da Cruz
Sangues mancham as nossas vias crucis, Senhor
Desprezo, assassinatos, atropelamentos, suicídios
Este mundo aqui, na Terra, Senhor, não orienta, Senhor...



Assim, aceito a minha sina, Senhor
E faço da minha poesia arma e flor
Para combater o bom combate
Mas preciso do Teu Cajado, para continuar a caminhar
Usando a minha poesia
E com ela, tentar suavizar minha sede de paz, Senhor
Só ela, só com ela consigo florir
Florir e encantar o jardim da minha alma
E acariciar quem, porventura, por cortesia, ler meus versos
Que só têm valor, Senhor, por refletir santa humanIDADE.

 

 Caricatura do poeta feita por Ziraldo


Divinópolis, 06.10.2011
edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 05/10/2011
Reeditado em 08/10/2011
Código do texto: T3259446
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