Atacama e a lagoa rasa
Deserto e exílio de mar
Terra árida que não cansa o olhar
Terra de cor,
Arco-íris de sal,
E minérios abertos na dor
Atacama, fantasma das eras!
Cidades mortas
E as núpcias dos flamingos!
Miragem de lua, de pranto e de plumas
Areias geladas entre brisas geladas das dunas
Povoados de solidão e de pedras
Secura de mãos artesãs em ancestral fiação
Fia-se o homem, fiam-se os lagos
Fiam-se as cadeias de serras, e a mais branca das neves:
Fios de vida e ressurreição
Entre danças das águas, do sal e das plumas rosadas
Entre ruínas o tempo nada apaga
A natureza é convertida a partir da terra
E é nesse silêncio que Deus fala mais alto!