Banco à Minha Porta
Quando eu me sento no banco que fica na porta de minha casa,
vou reparando pessoas que passam tristes;
pessoas que passam alegres;
aqueles que andam devagar, pensativos;
outros que seguem correndo, um passo sempre a mais.
Não sei como me identifico com eles, mas me identifico.
Em todos passantes eu sigo meu reflexo.
Com os tristes eu sinto como dói meu coração por tudo que há.
Com os alegres eu descubro minha esperança em tudo que há.
Com os pensativos e lentos, eu questiono os desencontros em muita coisa que há.
Com os que seguem correndo eu percebo minha parte ansiosa que em instantes há.
Acontece que meu sentimento é um sentimento do mundo.
Eu sozinha sinto: tristeza, alegria, lentidão, indagações, ansiedade... o universo.
Mas, eu só estou pensando no que me vai ao peito, à mente.
Tudo: idéia e coração.
Quem se salva primeiro? Nenhum. Idéia e coração são muito juntos, misturados.
A diferença é como eu pego o mundo pelas mãos e o miro.
O que tudo muda é: como meu olhar está sobre tudo que há e como eu vou manifestá-lo.
Estou sentada no banco à minha porta, sou como todos, todos como eu.
Mas que diferença o que vibra no olho de todos que passam.
Será que podemos chamar a isso de alma?