A DOR QUE AINDA DOI

A DOR QUE AINDA DOI

Mylla Ramos

A dor que me tensiona

A dor me faz escravizar

A dor que me impulsiona

A dor que me faz pensar

Que a melhor parte da vida é sádica.

Que a consciência finge ter ardor,

Que arde e pesa essa dor atávica

Que arde fundo toda ela com fervor.

Nasce nos meus olhos e desce,

Inalo um olor convulsivo e ébrio

Lacrimeja-me a mente que perece

Não consigo sequer ficar sóbrio.

Entala essa dor e arde na pira

dos sentimentos que rápido gira

Essa dor que me deixa crédulo

E perscruta, com horror, meu cérebro.

Metaboliza-se no meu corpo são

Mistura-se emº meu coração

Estimula a produção de morfina

Essa dor que arde e amofina.

Anestesia meus órgãos vitais

Faz estardalhaço em tudo o mais,

Me deixa em completa euforia

Sem um remoto sinal de alegria.