AUTO RETRATO-POESIA -18
E eu que agia, com independência e propriedade,
Agora na realidade, já nem sei quem sou,
À noite faço planos, realizo coisas, só na imaginação,
Quando amanhece o dia, abro os olhos, para ver que nada se concretizou.
Os planos eram fantasias, de realizações impossíveis...
Os sonhos eram quimeras em músicas inaudíveis...
Mais um dia se anuncia, a noite se acabou,
E agora tenho que esperar, mais quantas horas,
Para sonhar, pensando que algo mudou.
Quando ela chega, amiga, companheira,
Para me ajudar a fingir que sou,
Artista, bailarina, atleta ou enfermeira,
Sem cobrar nada, aceita, alimenta minha fantasia,
Segurando minha mão, como um filho, ou um irmão.
E assim sucessivamente,
Lágrimas correm abundantemente,
No momento em que me encontro, e naturalmente é dia,
E me vejo como sou.
E neste devaneio cotidiano,
Sigo, vivo, me reconstruo,
Renasço, e a cada novo dia, me reencontro no absurdo.
E buscando a noite como uma fuga,
Tento me esconder na escuridão,
Amealho forças, para enfrentar o dia,
M e misturando com a multidão.
Não é viver, é uma utopia,
Me escondendo, porque ainda é dia,
Usando máscaras, óculos escuros,
Caminho por corredores obscuros,
Esperando a noite para reviver,
E em meus sonhos, poder apenas, ser.
O gelo, que agora invade minhas entranhas,
É o frio da noite em vielas estranhas,
É o som dos passos solitários,
De quem já morreu, mas de partir se esqueceu...
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Abrçs