Deixarei vagas ondas de espuma circundarem meu corpo inerte,
banhando meus pés nas cheias da maré...é tarde,no Sol
que ao longe faz do horizonte seu porto e seu entalhe.
Deixarei que as brumas da noite incipiente me envolvam pouco à pouco,
enquanto colho ventania,mas tambem aragem doce e o sonhar...
Arrastando sargaços de lembranças qual rede de pesca em alto mar
quero ainda apreender paixões e deleites,como simples barco à préa mar...
Estou cansada das enchentes,das secas e das vazantes ,de ondas gigantes a me arrastar...
Antes que a noite adentre,antes que o vento sopre mais forte,
antes que a solidão aumente,ou que me achegue a morte
deixa-me abraçar o lume das estrelas e,nos bolsos do meu avental,guardar restos
de conchas do passado,como mosaico de lembranças a me povoar.
São resquícios da minha história,guardados nos búzios , na orla do mar..
Pois sou retirante dos mares,pescadora de sonhos e poesias
sou naufraga de causas perdidas,catadora de conchas e de utopias.