O Riacho dos Cisnes
Há um riacho próximo à minha casa.
Tão pequenino! Tão lindo esse riacho!
Os cisnes sorvem água e olham o Céu.
Se nós, como eles em nossa sede,
voássemos o céu infinito, o sempre.
Ah... se nós, como eles: o Paraíso para nós!
Ao olharem a imensidão, os cisnes,
não mais pequenas aves são,
migram na infinitude, são o mundo,
no instante da sede e do saciar à sede.
Que belo o riacho pequenino de minha aldeia!
Que dá aos voadores cisnes o mais belo espetáculo!
São seus pescoços grandes e asas paradas,
que os maravilham no bico da sede.
Podem voar e colhem o belo na inércia do vôo.
Nós, que ousamos insistentemente a vôos,
não temos olhos espichados por pescoço;
não valorizamos nossa mente, nosso coração!
Que de minuto a minuto nos dão de graça,
(sem ao menos ter que chegar a riachos)
o poder de pensar e sentir e vislumbrar
toda a grandeza de nossa imensidão.
Pequenos, pobres, sós, miseráveis
socamos os pés, sem levantarmos cabeças.
Ficamos aquém dos cisnes de todos os riachos.
Ah! Quem nos dera sabermos saciar sedes!