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PRISIONEIRO DE MIM
JB Xavier

Ata-me à terra
Esse desejo imperioso de transcender mundos
Que se nutre
Na insana impermanência que me esvazia a alma.
Unge-me em sagrações de posse,
Investindo-me da autoridade dos deuses,
Esse impulso
Ditado pela fuga de qualquer resquício de razão!
Aferro-me aos princípios
Dessa idiossincrasia que me indica caminhos
Sem me apontar a saída desse formoso jardim
– pérola e labirinto -
Onde me escapa o domínio do sentir,
Em conjecturas estéreis e submissas.
 
Rendo-me, enfim, comovido,
Por ser a causa dessa irrestrita insensatez,
Inconformado por ter que conviver
Com essa inadequação que me impele,
De ser a razão final
Dessa acridez por mim mal subjugada,
Dessa inutilidade do pensar,
Dessa indecifrável indecisão
Que encarcera os membros,
Tolhe o espírito e turva a visão,
Até à agonia final
Do ante-gozo de lamentos inacessíveis,
Onde se origina toda a dor
Que emana das antigas cicatrizes...
 
Planto-me, a mim mesmo,
Como santuário de tortuosas venerações
Sem perceber que um deus maior,
Tonituante, insólito e portentoso,
Espreita do alto de silêncios
Aparentemente inanimados
À espera da circunstância vital
Que novamente impulsione as ações,
Fazendo ruir ao meu redor
As muralhas que ergui, dos meus temores...
E serei para sempre um prisioneiro
A debater-me na imensidão de meu próprio interior,
Até que esse deus restaure minhas asas,
Abra minha cela e me envie ao amor!
 
Mas ainda me atam essas profundas,
Entranhadas e monumentais raízes,
Com as quais equilibro-me debilmente
Entre o universal e o restrito,
Buscando sentir as imperceptíveis orientações,
Apenas mussitadas,
Da integralidade do ser,
Senhor e comandante de todos os destinos!
E perpassa-me esse aço em brasa
De realidades transcendentes,
Desembainhado da proteção
De inexplicáveis lógicas,
Até que, trespassado pela sublimidade do amor,
Eu caia em êxtase profundo.
 
* * *

 

PRISIONER OF ME
JB Xavier

Tie me to the ground
This imperative desire to transcend worlds
Nourished
In impermanence insane that empty my soul.
Anoint me in consecrations of possession,
Investing me the authority of the gods,
this impulse
Dictated by the flight of any vestige of reason!
I clung to the principles
This idiosyncrasy that I indicate me ways
Without point me the exit of this beautiful garden
- Pearl and Maze -
Where it escapes of me the domain of feeling,
In sterile and submissive conjectures.

I surrender at last, upset,
Because I am the cause of this unrestricted folly,
Unhappy about having to live
With this inadequacy that drives me,
To be the ultimate reason
Of this acridity not yet vanquished for me,
Of this futility of thinking,
Of this indecipherable indecision
That imprisons my members,
Hinders my spirit and blurred my vision,
Until the final agony
Of the pleasures of inaccessible laments
Where all the pain comes from
Screaming and emanating from old scars...

I sow myself,
As a sanctuary of tortuous venerations
Unaware that a higher god,
Noisy, unusual and portentous,
Get a glimpse of the top of silences
apparently inanimate
Waiting for the vital condition
Which again boosts the acts,
Making crumbling around me
The walls of my fears that I stood...
And forever I’ll be a prisoner
To fight me in the immensity of my own inner
Until that God restore my wings,
Open my cell and send me the love!

But still I bind these deep
Embedded and monumental roots,
With which I balance myself feebly
Between the universal and the restrict
Seeking feel the imperceptible orientations,
Only whispered,
Of the integrality of being,
Lord and commander of all destinies!
And running through me the incandescent sword
Of transcendent realities,
Unsheathed of protection
Of inexplicable logics,
Until, arrested  by the sublimity of love,
I fall into a deeper ecstasy.

 
* * *
JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 09/09/2011
Reeditado em 09/09/2011
Código do texto: T3209837
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