Senhora do Além
Meus passos roçam o caminho,
a terra solta, o pé no chão.
os meus pés sangram,
de marca vermelha no céu.
Se eu fosse um menino puro,
eu me abençoaria com a chuva.
Se eu fosse uma menina clara,
eu me vestiria de sol amarelo.
Uma anciã contou-me um segredo:
de nada vale ser o que não se é.
Se eu soubesse o quanto sou,
eu valeria um pássaro voador.
Adeus, poema triste e leve,
de passos vermelhos e marcados.
do menino e da menina que não se viram,
de uma senhora que somos duas.