Brava Vida

Uma velha, que por velha, não devia ser chamada assim.

Mas, a quero velha que sendo velha mais bonita parecerá.

Seus braços se ornavam de pulseiras coloridas.

Seus olhos, ah seus olhos! Brilhavam a cor de seus pulsos.

Adorava as manhãs, pela madrugada passava quieta.

Porém, ao iniciar as luzes do dia, sorria, sorria à vida.

Tinha dores a nossa velha amada? Tinha lágrimas?

Certamente ela tinha sim: os dissabores da vida.

No entanto, o quanto viveu havia lhe preparado à felicidade.

Mínimos gestos, pequenas palavras ela soletrava,

com tanto vigor, com tanta força,

que suas rugas se escondiam no encanto da vida.

Esperava pela morte? Não, ela tinha certeza dela.

E quando se tem certeza de alguma coisa não é preciso afrontá-la.

Lírios, rosas, pequeninas flores coloriam os seus dias. Que jardim!

Jardins solenes de sua vida. Porque em um trono ela se sentava.

Sabia ser a princesa, sem reinado, no tempo, em todo infinito.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 03/09/2011
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