Catadióptricos Alvinegros
Teus olhos de cigana me mergulham no infinito
E rompem o podre odre do invólucro banal realístico
Deixando meu encéfalo orejizante e operoso, ainda que contradito
Sobre teus menos harmoniosos segredos malquistos
Catadióptricos em meio ao denso negror dos sonhos apagados
Brilham catalépticos esses fatídicos e bravios olhos enclausurados
Numa dimensão noturna e pacificamente arborícola
Em meio aos falhos galhos escapa um feixe de luz da tapera
Iluminando enfolhada a atrípede gaziva à minha intima lápide
Catacumba fantasmagórica da idiossincrasia incoerente
E descarnam-se molambentos os últimos pensamentos materializados
Restando do banquete de paradigmas sinistros, os primeiríssimos átomos...
Esmigalho-me maltrapilho neste universo retíneo
Assassinado pelas projeções horrendas do teu hipocampo
Sou bruto e mero fruto de seu pensar cataclísmico
E aqui, na fria realidade, o resto negro de um passado branco