Viver

Chegar a um porto

e ter que decidir

o tempo todo

em que direção se deve ir.

Olhar estrangeiro

que busca tudo sorver

e que se desconhece por inteiro.

Traçar caminhos,

sonhar com veredas,

deixar o pé caminhar

às vezes a sós,

às vezes... por nós?...

e nunca deixar de sonhar.

Trazer imagens presas nas retinas.

Ajudam a seguir em frente.

Iludem que estão com a gente

o que ficou pra trás.

Dizer e fingir que não ouve

o eco cruel que repete:

Jamais... jamais.

Lutar muito e crer sempre.

Faz parte desta lida

e deixar-se repousar

para que a calmaria,

a pasmaceira

de uma tarde de domingo

possa ser-nos companheira,

possa nos adentrar.

Buscar no fundo do peito

uma poesia que exale

um perfume de saudade,

um perfume de existir.

Trazer o coração disparado,

inquieto, encantado,

por vezes triste,

quedo, pasmo,

sem querer prosseguir.

Com o cinzel talhar na memória

cada história

de quando se foi feliz.

Secar o pranto com a lembrança

e sentir o doce do mel.

Erguer os olhos pra ter certeza

de que tudo isto se passa

sob um belo manto de céu.

29.08.04 DOM 17:48.

Josely Margarida
Enviado por Josely Margarida em 27/08/2011
Código do texto: T3186226
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