Madrugada à Nau
Ah, que loucura me invade
A mim dedico a saudade
De sonhar no vão em vão do espaço
Ah, que prazer se enche em meu peito
O tempo em mim é próprio de si, o suspeito
De ponto em ponto a que me enlaço.
Atravesso de vez o caminho do acaso
E abraço, num passo à deriva
A face que me antes consumia
Sou de novo, um sujeito estranho
Estranha sensação que arranho
No peito apenas a antiga sangria.
Escorre feito água entre os dedos
Sem se ver escapa dos olhos
Acolhe com a alma um desejo
Faz de dor, tomada a vida
Pássaro voante de três asas.