VISTA CHINESA
Uma vez, lá em Pequim
Registrei tudo em poesia
Acendi o rastilho do festim
Cenário de encantos e magias
A pedido de um velho mandarim
Ele provou que gostava de mim
Tamanho, foi o meu contentamento
Quando o cara, num gesto de cortesia
Chamou-me educado a um canto
Colocou na mesa um belo documento
De presente, me deu um apartamento
Do programa de governo
Dizendo que assim tratam aos poetas
E com pomposa cerimônia e sutileza
Concedeu-me essa proeza deliciosa...
Casa própria de surpresa
Que, se não era lá muito grande
Inundou-me de lágrima até a glande
Mesmo assim, uma beleza...
Digna de um membro da nobreza
O chão no teto, tudo inverso
Onde postei prosas e versos
Uma ampla janela de vidro
Que deu vida às paredes
Seus contornos e bordas...
Para maior luminosidade
Feixes de arco íris na eletricidade
E direito à vista chinesa...
Foi assim que matei a pobreza
Isso é tudo o que me lembro...
Duo: JL Semeador e Hildebrando Menezes