Wayna Picchu

O vento bate em meu rosto.
Um frio andino corta minha pele.
Dor intensa faz meu corpo dobrar.
Meus pulmões queimam dentro do peito.
Os olhos ardem diante da beleza do lugar.
Estou no topo.
Cheguei ao topo, estou onde quero estar.
Valeu a pena lutar.
O azul do céu invade meu ser.
Choro intensamente lavando minha alma.
Penso em minhas filhas. Vejo meu filho.
Grito palavras desconexas.
Depois humilde me ajoelho.
Agradeço ao céu, ao sol, as nuvens, a natureza.
Ao sagrado.
É maravilhoso estar vivo.
Não preciso de palavras, não as tenho.
Só o silêncio.
Por um momento eu morro.
Estou morto para o mundo.
Sei que morri.
Abro os olhos e renasço.
Beijo a montanha que me libertou.
É hora de ir.
Partir, buscar outros sonhos, outros mundos.
Desço calado, feliz.
Olho para traz. Faço uma reverência.
Prometo voltar.




Paulo Siqueira Souza
Enviado por Paulo Siqueira Souza em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T3176237
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