O sol já se esconde, além-serras.
Senhor, se trazes a noite inevitável,
dá-nos ao menos a música do teu olhar.
Aos úteis, aos inúteis,
aos ávidos, aos bons,
aos mancos e calados,
seguros e inseguros,
estende a todos
a ternura estelar dos olhos teus.
 
Ai, hora terrível, de nome sentimento.
Tarde que cai, noite que desce,
sonhos que voam:
palavras que se fazem espaço...
Dizer é defender-se,
mas não há defesa.
 
O que são momentos,
o que gera a vida,
o que traz a fé?
Abri tanto os braços,
curvei tanto a fronte,
mirei tanto os Céus:
não vi deveras nada,
além da graça trágica do Cosmos...




Enviado por Jô do Recanto das Letras em 21/08/2011
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3173053
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