Vã filosofia
Ah, não cales a tua voz.
Não, não silencies a tua alma.
Não vês que a vida é bela,
mas breve, vã,
vaga?
Que vês no firmamento?
Estrelas?
Poesia ...
Não...
Olha!!!
São olhos que nos espreitam,
que buscam entender ...
o nada.
Que queres que te diga?
Que sei?
Que entendo?
Não, não sei de nada.
Apenas indago, procuro,
e ouço ...
o que me interrogam as respostas ...
... dadas!
É vã toda nossa filosofia
que, esgotada, sem respostas,
refugia-se
nos abismos da escatologia.
Não, não, não! Não cales a tua voz.
Não, pois jamais silencia
o sussurro,
o brado que há em nós.
Que nos faz poesia.
Que nos faz andar a ermo
Arquitetando veredas de ilusão.
Que nos faz verter em arte
a nossa suposta criação.
Que quero com tudo isto?
Por que te quero em pauta?
Não vês?
Tento, também eu, preencher o vazio,
o que não sei
Com a falta que te falta.
05.06.2003 QUI 11:07.