Lugar incomum

Não me deixe antes da curva do último adeus

Lá onde estarei não mais me terás

Serei o que não temo

Somente por deixar de ser

Desaglutino essa réstia de entendimento

por tão pouco necessário

fazendo-me crer tudo possuir

Enquanto espontâneo for

ter-me-á força e ardor

Antes de partir,

paro ante a porta entreaberta

deste coração revestido

dos idos nem sempre perenes

Acenando

assoda-me dor com seus olhos fechados

de visgos e rasgos sufocados

olhando-me com fome entender

tudo que é tão pouco

como bastante o fôra

E o vento que trás o que já passou

não trás sonhos vivos da lembrança

D´antes quimeras tal qual jóias sem valor

Desse amor retorcido, combalido,

sequioso, ôco

Anelo de inundar-se em chamas

à boca de acompanhar-me

abraçado à solidão solidária

Os que escondem horizontes seguidamente

com receio da perda do que nada se sabe

dando-lhes as costas

não vêem o que o sol escreve

sem nunca repetir a mesma lição

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 06/07/2005
Código do texto: T31608