Lugar incomum
Não me deixe antes da curva do último adeus
Lá onde estarei não mais me terás
Serei o que não temo
Somente por deixar de ser
Desaglutino essa réstia de entendimento
por tão pouco necessário
fazendo-me crer tudo possuir
Enquanto espontâneo for
ter-me-á força e ardor
Antes de partir,
paro ante a porta entreaberta
deste coração revestido
dos idos nem sempre perenes
Acenando
assoda-me dor com seus olhos fechados
de visgos e rasgos sufocados
olhando-me com fome entender
tudo que é tão pouco
como bastante o fôra
E o vento que trás o que já passou
não trás sonhos vivos da lembrança
D´antes quimeras tal qual jóias sem valor
Desse amor retorcido, combalido,
sequioso, ôco
Anelo de inundar-se em chamas
à boca de acompanhar-me
abraçado à solidão solidária
Os que escondem horizontes seguidamente
com receio da perda do que nada se sabe
dando-lhes as costas
não vêem o que o sol escreve
sem nunca repetir a mesma lição